<<< Version française >>>
<<< English version >>>
De 10 de julho de 2023 a 23 de julho de 2023, Marie Bocquillon e Christophe Baco (Institut d’Administration Scolaire, Faculté de Psychologie et des Sciences de l’Education, Université de Mons) fizeram várias apresentações em diversos eventos sobre educação em Portugal e Espanha. Como mostra o texto seguinte, foram apresentados nestas conferências: a) o carácter equitativo do ensino explícito b) a investigação científica que apoia esta abordagem c) os práticas profissionais desta abordagem de ensino e d) o facto de respeitar a carga cognitiva dos alunos para apoiar a sua aprendizagem.
Etapa 1/6: Conferências em Lisboa
Na Universidade de Lisboa (ISEG), a 11 de julho de 2023, Marie Bocquillon e Christophe Baco apresentaram, cada um por convite, uma conferência em inglês sobre o ensino explícito no evento “O que pode o ensino da matemática, da primeira infância à idade adulta, fazer para ajudar os jovens a ter sucesso na universidade e na sua vida profissional” Durante estas conferências, foi desenvolvido o carácter equitativo do ensino explícito. Ou seja, foi explicado que esta abordagem pedagógica permite que todos os alunos progridam, reduzindo as diferenças entre eles. Na Bélgica francófona, tal como noutros sistemas educativos, as lacunas de aprendizagem continuam a estar fortemente correlacionadas com a origem social dos alunos. A prática do ensino explícito pode ajudar a reduzir esta relação entre origem social e sucesso académico. As conferências foram seguidas de debates com a audiência, moderados por Filipe Serra de Oliveira (Universidade de Lisboa).
Etapa 2/6: Conferências em Coimbra
Na Universidade de Coimbra, Marie Bocquillon e Christophe Baco proferiram, cada um deles, uma conferência convidada sobre o ensino explícito na Escola de Verão da Sociedade Portuguesa de Matemática (resumos das conferências). Estas conferências francesas foram diretamente traduzidas para português. Durante as conferências, embora sublinhando que o ensino explícito é um dos elementos muito importantes do ensino, sem ser a única abordagem a utilizar em todos os momentos, os oradores explicaram, em particular, como esta abordagem foi estabelecida. Em primeiro lugar, as observações efetuadas pelos investigadores nas salas de aula revelaram práticas de ensino que estavam positivamente correlacionadas com os resultados dos alunos. Em segundo lugar, a investigação experimental confirmou que estas práticas pedagógicas (atualmente designadas por “ensino explícito”) são eficazes para a aprendizagem dos alunos. Por fim, as meta-análises e as mega-análises permitiram sintetizar os diferentes estudos de investigação. A investigação sobre o ensino explícito continua a decorrer em várias partes do mundo, com o objetivo de melhorar continuamente esta abordagem.
Etapa 3/6 Conferências em Santiago de Compostela
Na Universidade de Santiago de Compostella (Espanha), Nuno Crato (ISEG), Marie Bocquillon (UMONS) e Christophe Baco (UMONS) proferiram, cada um, uma conferência convidada em inglês na escola de verão sobre o tema “Matemática Húngara”. Nuno Crato discutiu a importância de um currículo explícito e bem estruturado para o ensino da matemática. De seguida, Marie Bocquillon e Christophe Baco puderam mostrar as diferentes etapas do ensino explícito e as práticas profissionais que lhe estão associados. Para cada etapa do ensino explícito, há um conjunto de ações profissionais que os professores podem realizar. Por exemplo, é importante verificar a compreensão dos alunos de forma profunda e específica, fazendo-lhes perguntas como “Podes dizer-me como encontraste a tua resposta?” em vez de perguntas superficiais tais como “Compreendeste?”, porque o jovem pode responder “Sim” sem ter compreendido e isso dá ao professor pouca informação sobre a compreensão do aluno. É claro que estas práticas podem ser utilizadas em diferentes abordagens pedagógicas, mas o ensino explícito fornece um quadro para as utilizar de forma consistente ao longo das diferentes fases de uma aula.
Etapa 4/6: Continuação da escola de verão da Sociedade Portuguesa de Matemática
Marie Bocquillon e Christophe Baco participaram na continuação da Escola de Verão da Sociedade Portuguesa de Matemática, realizada na Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra. Tiveram assim a oportunidade de prosseguir os seus intercâmbios com professores, formadores e investigadores sobre o tema do ensino explícito, do ensino baseado em dados e conclusões científicas e do seu lugar nos diferentes sistemas educativos. Foram também discutidos os diferentes currículos utilizados ao longo do tempo nos diferentes sistemas educativos. Várias conferências, entre as quais uma de Nuno Crato e Isabel Hormigo sobre a utilização dos manuais escolares, permitiram aprofundar a reflexão sobre o ensino da matemática.
Etapa 5/6: Conferência no Porto
Na Universidade do Porto, Marie Bocquillon e Christophe Baco proferiram, cada um, uma palestra convidada em inglês. Os debates com o público foram organizados por José Carlos Santos (Professor da Universidade do Porto). As palestras centraram-se na investigação em psicologia cognitiva, que nos ajuda a compreender por que razão o ensino explícito é eficaz. Por exemplo, a investigação de Geary e Sweller mostrou que as capacidades académicas, tais como a matemática e a leitura, podem ser apreendidas através de um ensino explícito que respeite a carga cognitiva dos alunos.
Para saber mais sobre a teoria da carga cognitiva
Etapa 6/6: Discussão com a fundação Iniciativa Educação
Em Lisboa, Marie Bocquillon foi convidada a discutir o seu trabalho com membros e colaboradores da fundação Iniciativa Educação, cujo principal objetivo é “contribuir para o sucesso educativo dos jovens, apoiando projetos exemplares que possam ser reproduzidos tanto no sistema educativo como na sociedade em geral” (sítio Web da fundação). Durante um debate muito rico, foram abordadas as origens do ensino explícito, que é uma abordagem pedagógica com origem na sala de aula e validada por numerosos estudos de investigação. Foram também discutidas formas de melhorar a formação inicial e contínua de professores à luz do ensino explícito e da educação baseada em dados e conclusões científicas.
Agradecimentos
Os oradores gostariam de agradecer calorosamente a Nuno Crato (Universidade de Lisboa, ISEG) por ter iniciado esta viagem e pelas trocas construtivas com ele durante as várias etapas da viagem. Gostariam também de agradecer aos organizadores dos vários eventos: Nuno Crato e Filipe Serra de Oliveira (Universidade de Lisboa, ISEG), Isabel Hormigo (Sociedade Portuguesa de Matemática), Jorge Losada Rodriguez (Universidade de Santiago de Compostela) e José Carlos Santos (Universidade do Porto). Gostariam também de agradecer à Fundação INICIATIVA EDUCAÇÃO pelo seu interesse no seu trabalho. Finalmente, gostariam de agradecer a todos os participantes pela sua presença e pelas interessantes discussões que tiveram lugar após as várias palestras.
